sábado, 11 de dezembro de 2010

ENTÃO É NATAL

CONTO

ENTÃO É NATAL


O sinal tocou. Fim de aula no colégio. O carro estacionou frente ao portão de saída. Cristiano entrou no carro do pai sorridente. Desconhecia os problemas da vida. Filho de um rico comerciante da cidade. Ao cruzar uma rua, Cristiano acenou para um garoto, que estava do outro lado a engraxar as botas de um freguês. Através do retrovisor o comerciante observou a ação do filho.
_Aquele não é o filho de Seu Natalino catador de papelão, filho!
_ É sim! – respondeu o menino enquanto fazia gestos e mímicas para o amigo que, por sua vez, continuava a caprichar no seu trabalho.
_ Eu não quero que você tenha amizade com esse tipo de gente! Ora bolas! Onde já se viu um filho meu de conversinha com um moleque de rua.
_ Ele não é de rua, tem casa, tem pais que gostam dele e a professora falou que o trabalho dele é digno como qualquer outro. Pior se ficasse em casa a reclamar ou se saísse para roubar os outros. Além do mais ele é um ótimo amigo. E é com ele que eu divido o meu lanche no recreio.
_ Que escola é essa que deixa um filho de lixeiro se misturar aos filhos de homens de bens...
O menino ficou quieto, parou de falar. Não queria provocar a ira de seu pai. Ou ele poderia ir pedir para a direção da escola expulsar o seu melhor amigo.
Quando chegou a casa a mãe havia comprado uma enorme árvore de Natal.
_Vamos começar a enfeitar a árvore, venha filho! – a mãe percebeu que Cristiano estava quieto, desanimado.
_Por que está triste filho? – O menino suspirou profundamente, olhou para o rosto complacente da mãe e disse:
_ Eu queria convidar meu melhor amigo e a família dele para cear conosco nesse Natal.
_Mas claro que você pode convidá-los querido. Serão recebidos com toda a cordialidade do mundo.
Quando o pai veio a saber que teriam a família do catador de papelão como convidados na ceia de Natal, ficou furioso. O que causou enorme constrangimento em toda a família. Cristiano passou mal durante a noite. Justo na véspera de Natal, o menino adoecera. Descobriu-se, então, que Cristiano precisaria de um transplante de medula. Após inúmeros testes constatou-se que ninguém em sua família era doador compatível.
Após muita procura descobriu-se que um menino da sua idade era compatível. Justamente o filho do “lixeiro”, como dizia o comerciante. Cristiano alegrou-se. Encheu-se de esperança. Tudo correu bem e o menino melhorou...
Desse dia em diante o comerciante, que era uma pessoa arrogante, passou a ser um homem bem mais flexível e militante de causas sociais. Formou uma associação beneficente. Durante o ano arrecadam alimentos, roupas e brinquedos para distribuir as famílias carentes de sua cidade. Cristiano cresceu e se tornou homem bom e caridoso. E seu melhor amigo o filho do catador de papel se tornou um médico respeitado. No fim do ano os dois amigos se encontram, vestem-se de papai Noel e saem as ruas distribuindo brinquedos e cestas básicas aos menores carentes

sexta-feira, 1 de outubro de 2010